O Cancelamento do Ocidente
"As vendas de '1984' ,de George Orwell, dispararam quase dez vezes após a eleição de Donald Trump em 2016. Apesar de todas as mentiras de Trump, o romance distópico parece antecipar com mais precisão a esquerda woke. Enquanto os activistas clamam pela redesignação de ruas, pela demolição de estátuas e o expurgo da ficção por "leitores sensíveis",as palavras de Winston Smith reverberam : " Todos os registos foram destruídos ou falsificados,todos os livros foram reescritos,todos os quadros foram repintados,todas as estátuas,ruas e edifícios foram renomeados,todas as datas foram alteradas. E esse processo continua dia a dia e minuto a minuto. A história parou."
Quando o The Time informou que a polícia escocesa estava a cadastrar violadores como mulheres, se assim eles se identificassem, J.K.Rowling tuitou uma paráfrase do lema de Oceânia: "Guerra é paz. Liberdade é escravidão. Ignorância é força. O indivíduo com pénis que te violou é uma mulher. "
De facto, a sensação de habitarmos uma sociedade orwelliana é tão palpável que um meme online foi criado,incitando-nos a "Tornar Orwell ficcional novamente ".
( do capítulo 13 de 'O Cancelamento do Ocidente')
Continuação no capítulo 13 nas imagens a seguir
O Ocidente está em crise - diz-nos Paulo Nogueira, autor de O Cancelamento do Ocidente.
A sociedade que criou avanços universais como a democracia debate-se não só com oposições externas, como os autoritarismos e os fundamentalismos orientais, mas com o fogo amigo entrincheirado nas suas próprias elites, que - ricas e mal-agradecidas - odeiam, envergonham-se e rejeitam todo o passado ocidental, cuspindo no prato em que comem caviar.
Numa altura em que as identidades são fluidas (podemos ser de cães a elfos), a identidade do Ocidente definha, corrompida por uma erosão patológica na sua auto-estima e na sua raison d’être. Até a noção de realidade vacila: já nem sequer sabemos no que consiste metade da Humanidade, ainda ontem conhecida como… mulheres.
Em dez anos, fomos subjugados por uma estrambólica retórica: teoria crítica da raça, ideologia de género, teoria queer, pós-colonialismo, masculinidade tóxica, racismo estrutural, fragilidade branca, etc. E o Ocidente é o inimigo público número um de… todes.
Mas, o ensaísta Paulo Nogueira lembra os recursos inestimáveis da civilização ocidental: do humor à democracia, da arte à meritocracia, da tolerância à ciência. Cabe aos ocidentais escolherem, enquanto ainda há liberdade de expressão.
https://www.bertrand.pt/livro/o-cancelamento-do-ocidente-paulo-nogueira/29944681