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Há dias, no Porto, um grupo de imigrantes foi agredido por um grupo de locais. Políticos e jornalistas culparam o “racismo”. Talvez devessem ter também atribuído algumas culpas ao caos migratório consentido pelo Estado em Portugal. Sim, admitamos que quase todos os migrantes são gente que procura uma vida melhor e até segurança. Mas quando a migração está descontrolada, não chegam só esses. Chegam também os que, no país de origem, eram delinquentes. Chegam ainda os que, sem encontrarem trabalho ou residência, se tornam delinquentes no país de acolhimento. Por isso, não abusemos do “racismo” para explicar todos os incidentes. Também a maioria dos locais aceita a migração, sem o que já estaríamos em guerra civil. Mas nem todos vivem nos bairros da classe média, onde os migrantes só acedem como estafetas ou empregados domésticos, e infelizmente nem todos, quando em conflito, vão esperar por autoridades que dão provas de terem perdido o controle da situação.
Rui Ramos no Observador (artigo completo na caixa de comentários)
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"Todo o sistema migratório internacional é pensado para derrubar os custos com o trabalhador e aumentar o lucro. O uso da força de trabalho migrante é um grande aliado para conseguir atingir esse objetivo. É bastante problemático que existam pouquíssimas oportunidades para estrangeiros conseguirem nacionalidade ou uma permissão permanente de trabalho, principalmente os que pertencem às camadas mais vulneráveis. Essa insegurança jurídica os deixa à mercê das vontades da classe dominante. Acabar com a migração irregular não é uma prioridade para os países ricos, porque isso acabaria com o grande exército de reserva disponível para as elites nacionais. Ademais, quando existem esforços para regularizar a condição jurídica dos trabalhadores migrantes, eles normalmente estão focados em vistos de trabalho temporário, o que significa que os trabalhadores podem ser repatriados a qualquer momento, mesmo que contra sua vontade.
Portanto, as teorias marxistas da migração são mais pessimistas que outras. A migração é mais um sinal do desenvolvimento desigual e das relações de poder entre as nações e não traz desenvolvimento aos países de origem. Na verdade, a migração pode até favorecer o subdesenvolvimento das periferias do mundo por meio do processo de fuga de cérebros, que é quando trabalhadores altamente capacitados deixam os seus países, como Brasil, Índia e Argentina para irem trabalhar nos EUA, Europa e Japão.
Isso quer dizer, então, que marxistas são contra a migração ou podem até compactuar com discursos a favor de controles migratórios? Absolutamente, não. Esse tipo de argumento é completamente incompatível com os escritos marxianos que afirmam que se o capital é internacional, a classe trabalhadora também precisa se organizar internacionalmente. Na verdade, a Primeira e a Segunda Internacional Socialista são bastante claras na defesa de direitos e condições iguais entre trabalhadores nacionais e migrantes e na necessidade de evitar que os donos dos meios de produção possam utilizar a mão-de-obra migrante como um trabalho de valor inferior.
Por fim, esta é apenas uma introdução muito breve a várias discussões que autores marxistas fazem sobre a questão migratória. O marxismo vê as migrações internacionais de forma bastante crítica e entende que elas fazem parte de uma estrutura internacional de exploração da classe trabalhadora. No entanto, em hipótese alguma o marxismo advoga pelo controle de fronteiras pelo Estado, que, diga-se de passagem, é controlado pela burguesia. Pelo contrário, a organização internacional da classe trabalhadora é chave para a superação da atual realidade. Nas palavras do próprio Marx, “se a classe trabalhadora deseja continuar a sua luta com alguma chance de sucesso, as organizações nacionais devem se tornar internacionais."
Do blog Pelo Socialismo aqui no sapo
Como se pode constatar (pelo texto acima) o socialismo ortodoxo continua com a sua cassete/ cartilha,ao mesmo tempo que abre a porta às agendas políticas de 'portas abertas' sem controlo (promovidas há vários anos como se pode ver no site abaixo do Mises) dos partidos socialistas não ortodoxos.
https://mises.org.br/Article.aspx?id=2953
"Os socialistas de hoje praticamente abandonaram a velha retórica da "luta de classes", a qual envolvia uma batalha entre as classes capitalistas e proletárias. Há agora uma nova batalha, a qual opõe "opressores" a "oprimidos". As classes oprimidas incluem os grupos LGBT, os negros, as feministas, os imigrantes, os "não-assimilados culturalmente" e várias outras categorias consideradas mascotes. Já a classe opressora é formada maioritariamente por homens e mulheres cristãos, brancos e heterossexuais, de qualquer profissão (empregado ou empregador), que não sejam ideologicamente simpáticos ao socialismo." (do link acima do mises)